Suscetibilidade de tripes e ácaros predadores a inseticidas utilizados em cultivos de rosa e o manejo da praga com ácaros da família Laelapidae

Abstract

O agronegócio de flores e plantas ornamentais é de grande importância socioeconômica no Brasil. A cultura de rosas é afetada por muitas pragas, entre elas, os tripes (Insecta: Thysanoptera), que ocasionam danos diretos pela alimentação e/ou indiretos pela transmissão de viroses. Atualmente, o método de controle mais utilizado para essas pragas ainda é o químico, que causa diversos problemas para o setor agrícola, como a intoxicação de agricultores, contaminação ambiental, desequilíbrio biológico e a seleção de populações de pragas resistentes aos agrotóxicos. Esforços têm sido realizados visando à implantação de tecnologias mais sustentáveis, como o uso de inimigos naturais para o controle das pragas em roseiras e outras ornamentais. O ácaro predador de solo Stratiolaelaps scimitus (Womersley) (Acari: Laelapidae) vem sendo comercializado em diversos países (EUA e Europa), inclusive no Brasil, para o controle de pragas edáficas, porém, o seu uso no país ainda é muito limitado. O objetivo da pesquisa foi avaliar a suscetibilidade dos ácaros predadores S. scimitus (Acari: Laelapidae) e Amblydromalus limonicus (Acari: Phytoseiidae) e do tripes Echinothrips americanus (Thysanoptera: Thripidae) a diversos inseticidas registrados para uso em ornamentais no Brasil, e estabelecer estratégias de manejo de tripes pragas em cultivos comerciais de roseira no estado de São Paulo, com ênfase no uso dos ácaros predadores da família Laelapidae. Foram realizados testes toxicológicos com inseticidas de diferentes grupos químicos em S. scimitus, A. limonicus e E. americanus, em condições de laboratório. Foram conduzidos, também, dois experimentos de liberação de ácaros S. scimitus, visando ao controle de tripes, em cultivo comercial de rosas, em Holambra, SP, em 2018 e 2019. Os resultados indicam que os adultos de S. scimitus são tolerantes aos inseticidas tiametoxam, clorfenapir, piriproxifem e imidacloprido, observando-se valores de CL50 acima das concentrações recomendadas desses produtos, para o controle de tripes no Brasil. Esse predador mostrou-se menos suscetível que E. americanus a todos os inseticidas testados, e menos suscetível que A. limonicus a clorfenapir. Os ácaros predadores da espécie S. scimitus foram efetivos no controle de tripes em cultivo de rosas, conseguindo reduzir significativamente a densidade populacional da praga. Observou-se a influência de outras espécies de ácaros presentes no solo, com ênfase em ácaros da família Parasitidae, sobre o estabelecimento e a dispersão de S. scimitus na área de cultivo de rosas, em Holambra, SP.