Potencial de uso de Amblydromalus limonicus (acari: Phytoseiidae) para o controle biológico de Diaphorina citri (Hemiptera: Liviidae) e avaliação do impacto do ácaro predador sobre outros artrópodes em pomares cítricos do estado de São Paulo

Abstract

O psilídeo Diaphorina citri Kuwayama (Hemiptera: Liviidae) é o vetor da bactéria Candidatus Liberibacter (CL) associada ao greening ou Huanglongbing (HLB), considerada uma das principais doenças de citros no mundo. Devido à gravidade da doença e à rápida propagação nos pomares são necessárias frequentes aplicações de inseticidas para o controle do inseto-vetor, causando impactos significativos ao meio ambiente e aumento do custo de produção. Euseius concordis (Chant), Euseius citrifolius Denmark & Muma e Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma são as espécies de ácaros predadores da família Phytoseiidae mais frequentes e abundantes nos pomares cítricos do estado de São Paulo. Entre os ácaros fitófagos, os mais abundantes são os das famílias Tenuipalpidae (ex.: Brevipalpus spp.), Eriophyidae (ex.: Phyllocoptruta oleivora (Ashmead)) e Tetranychidae (ex.: Panonychus citri (McGregor), Tetranychus spp.). O objetivo do presente trabalho foi avaliar o potencial de uso do ácaro predador Amblydromalus limonicus (Garman & McGregor) para o controle biológico de pragas em citros, com ênfase em D. citri. Os objetivos específicos foram: 1) avaliar a capacidade de predação sobre ovos do psilídeo e a oviposição de A. limonicus, em condições de laboratório; 2) avaliar o efeito da liberação do ácaro predador em pomares cítricos paulistas (orgânico e convencional) sobre os outros artrópodes presentes nas plantas cítricas; 3) comparar a capacidade de estabelecimento, e a influência sobre outros artrópodes presentes em pomares de citros, de A. limonicus com Typhlodromus transvaalensis (Nesbitt) (Acari: Phytoseiidae). Os experimentos de liberação do ácaro predador em pomares cítricos foram conduzidos nos municípios de Mogi Mirim (pomar orgânico de lima-taiti – Citrus latifolia Tanaka) e Jaguariúna (pomar convencional de laranja – Citrus sinensis var. Pera Rio), no estado de São Paulo, Brasil. Foram realizadas liberações mensais de aproximadamente 500 ácaros predadores por planta, para cada espécie e data de liberação. Considerando-se apenas o pomar orgânico de citros, os resultados indicam influência significativa de A. limonicus na redução populacional de Brevipalpus spp. e P. oleivora. Para o efeito sobre outros ácaros predadores, foi observada redução populacional de E. concordis, no tratamento com liberação de T. transvaalensis, porém, com aumento na abundância de I. zuluagai. Para T. transvaalensis, não foi observado estabelecimento de ácaros desta espécie após sua liberação nas plantas de citros. No caso de A. limonicus, foi observado um aumento no número de ácaros desta espécie nas plantas cítricas com liberação de A. limonicus, ao longo do período de liberação (fevereiro a novembro de 2023), indicando potencial de uso deste predador no controle de artrópodes-praga em pomares cítricos paulistas. No experimento em pomar convencional de laranja, não foi observado o estabelecimento de A. limonicus nas plantas de citros, provavelmente devido à competição com as outras espécies de ácaros predadores (I. zuluagai, E. concordis) presentes no pomar e ao efeito tóxico dos defensivos agrícolas. Os experimentos em laboratório foram conduzidos no Instituto Biológico em Campinas, SP. Os testes de predação de A. limonicus sobre D. citri indicaram taxa média de predação de 4,75 ovos do psilídeo por fêmea do predador por dia.