Tratamento hidrotérmico para caquis 'Fuyu' visando ao controle quarentenário de moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) e manutenção da qualidade dos frutos

Abstract

As moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) estão entre as principais pragas da fruticultura mundial, levando-se em conta sua ampla gama de plantas hospedeiras e os danos causados. Devido a sua incidência, países importadores impõem barreiras fitossanitárias para evitar a entrada e a propagação de frutos infestados. Quando os frutos não são cultivados em "áreas livres", alguns países exigem tratamentos quarentenários para desinfestação. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o tratamento hidrotérmico como tratamento quarentenário para caquis 'Fuyu' infestados por moscas-das-frutas e manutenção da qualidade do fruto. Tratamento com água quente foi aplicado para ovos e larvas de terceiro ínstar de Ceratitis capitata e Anastrepha fraterculus "in vitro" em 41 º,42 º, 44 º, 46 º, 48 º e 50 ºC durante 0, 7, 15, 20, 30, 40, 50, 60 e 90 minutos. Os frutos de caqui infestados por C. capitata e A. fraterculus foram submetidos a 44 ºC por 60 e 90 minutos; 46 ºC durante 20 e 30 minutos; e 48 ºC durante 20 minutos. Os frutos infestados não tratados foram usados para estimar a taxa de infestação das moscas-das-frutas. Foram realizadas análises de firmeza da casca e da polpa, coloração da casca, acidez titulável, pH e sólidos solúveis para avaliar o efeito do tratamento de água-quente na qualidade dos frutos. O aumento da temperatura e do tempo de imersão no tratamento hidrotérmico aplicado "in vitro" para C. capitata e A. fraterculus diminuiu o pupamento e a emergência de adultos. A exposição de ovos por mais de 30 e 20 minutos a 46 º e 48 ºC e larvas por 20 e 15 minutos sob as mesmas temperaturas, impediu a emergência de adultos de C. capitata. Para ovos de A. fraterculus, foram necessários tratamentos superiores a 20 minutos por 46 ºC, 15 minutos a 48 ºC e 7 minutos a 50 ºC para evitar a eclosão de larvas. Os tempos necessários para evitar o pupamento de larvas tratadas foram maiores do que os ovos tratados, atingindo 40 e 20 minutos de imersão a 46 e 48 ºC. Para desinfestar caquis com ovos e larvas de C. capitata e A. fraterculus foram necessários tratamentos a 44 ºC por 90 minutos de imersão. Todos os tratamentos foram eficientes para evitar o pupamento em caquis infestados com ovos e larvas de terceiro ínstar de C. capitata , com exceção de 20 minutos a 46 ºC para ovos e 20 e 30 minutos a 46 ºC para larvas. Todos os tratamentos preveniram o pupamento de A. fraterculus em caquis infestados com ovos de A. fraterculus submetidos ao tratamento com água quente. Para larvas de segundo ínstar de A. fraterculus, apenas o tratamento a 44 ºC por 90 minutos de exposição causou desinfestação dos frutos. Não houve diferenças significativas nos resultados das análises físico-químicas feitas nos caquis submetidos ao tratamento com água quente, exceto ao pH. Foi concluído que o tratamento hidrotérmico é efetivo na desinfestação de caquis e na manutenção da qualidade dos frutos.