Identificação de nova espécie bacteriana de Xanthomonas patogênica ao jenipapeiro (Genipa americana L.) por meio de caracterização bioquímica, fisiológica, patogênica e molecular

Abstract

O jenipapeiro (Genipa americana L.) é uma árvore nativa brasileira pertencente à família Rubiaceae que ocorre de forma espontânea, desde o estado do Amazonas até São Paulo, em diversas formações vegetais. Frutífera de produção restrita, ainda é explorada de forma extrativista e cultivada em pequena escala em algumas regiões do país, com destaque para a região Nordeste, onde possui grande importância econômica, social e cultural. A escassez de trabalhos desenvolvidos com essa cultura associada à ocorrência de pragas e doenças torna esta espécie vegetal bastante vulnerável, com risco de perdas de genótipos com características econômicas importantes. Em 2007, folhas de jenipapeiro apresentando extensas lesões necróticas foram coletadas em plantios da região de Ilha Solteira/SP, evidenciando tratar-se de doença bacteriana. Nove isolados foram obtidos e identificados por meio de sequenciamento do gene ribossomal 16S como pertencentes ao gênero Xanthomonas. Embora os isolados apresentassem características do gênero como colônias lisas, mucoides, de coloração amarelada e com produção de xantomonadina, foram observadas diferenças relacionadas ao tempo de crescimento em meio de cultura e exigência nutricional. Desse modo, cinco diferentes meios de cultivo foram testados a fim de se avaliar o crescimento desses isolados de jenipapo, sendo o meio YS acrescido de glicose o que apresentou o maior número de colônias bacterianas. Testes bioquímicos e fisiológicos apresentaram resultados que corresponderam aos descritos na literatura para bactérias pertencentes ao gênero. Análises de MLSA realizadas com os genes atpA, dnaK, gyrB, recA, rpoA, rpoB e rpoD indicaram que o agente causal da doença bacteriana do jenipapeiro pertence à espécie Xanthomonas axonopodis. Experimentos de hibridização DNA-DNA utilizando-se como sonda a linhagem Tipo da espécie X. axonopodis revelaram valores de homologia superiores a 74% entre essa espécie e seus patovares e valores de 80 a 90% com todas as linhagens isoladas de jenipapeiro, indicando que essas linhagens pertencem à essa espécie bacteriana. Nos testes de patogenicidade realizados em diversas espécies de plantas da família Rubiaceae e em plantas sem nenhuma relação com esta família, não foram observados sintomas da doença após os 21 dias de inoculação, exceto para as plantas de jenipapeiro.