Epidemiologia do Cowpea aphid-borne mosaic virus e manejo do maracujazeiro-azedo no Vale do Ribeira, São Paulo

Abstract

O Cowpea aphid-borne mosaic virus (CABMV, Potyvirus) induz o endurecimento dos frutos do maracujazeiro que, atualmente, é a doença mais importante da passicultura. Devido à variabilidade genética do CABMV e a não disponibilidade de genótipos de maracujá-azedo resistentes, o conhecimento da biologia, ecologia e distribuição temporal e espacial da afidofauna torna-se necessário para a adoção de métodos alternativos de controle para o convívio com a doença. Diante disso, objetivou-se conciliar caracteristicas fitotécnicas (produção de mudas em telados antiafídeos e sua introdução no campo com alturas distintas: 30 cm “mudas baixas” e 80 cm “mudas altas”) e fitossanitários (monitoramento das populações de afídeos vetores, incidência do CABMV e a influência da doença na produção), em um pomar situado no município de Pariquera-Açu (Vale do Ribeira, São Paulo). Foram também caracterizados molecularmente, isolados de CABMV provenientes de diferentes regiões produtoras de maracujá. O levantamento da afidofauna foi realizado utilizando armadilhas amarelas (água e adesiva), durante doze meses. O pomar, formado por 80 plantas (40 mudas altas e 40 mudas baixas), foi avaliado mensalmente por detecção sorológica do CABMV e expressão dos sintomas. A afidofauna foi constituída por 16 espécies, sendo o gênero Aphis caracterizado como o mais importante na epidemiologia do CABMV. A detecção do vírus e a expressão dos sintomas foram mais precoces nas plantas provenientes de mudas baixas. O rendimento de polpa, acidez total titulável e oBrix foram significativos em frutos obtidos de mudas altas. Essas observações reforçam a importância da produção de mudas em condições protegidas e formação do pomar utilizando mudas altas e livres do vírus. As análises filogenéticas das porções genômicas da capa proteica e inclusão cilíndrica indicaram uma elevada variabilidade genética dos isolados de CABMV provenientes de pomares de maracujazeiro-azedo de diferentes regiões do estado de São Paulo. Além disso, não foram observados, para os isolados de CABMV analisados, clados definidos por região geográfica ou hospedeiro.