Resistência de Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae) aos acaricidas etoxazole e spiromesifen e estratégias de manejo em morangueiro e roseira

Abstract

Um dos fatores que dificultam a produção e a comercialização de diversas culturas agrícolas de importância econômica no Brasil é o ataque de pragas, como por exemplo, ácaros tetraniquídeos. O ácaro-rajado, Tetranychus urticae Koch, causa sérios prejuízos em diversas culturas, incluindo as de morango, mamão, pêssego, uva, feijão, algodão, rosa, crisântemo, entre outras. Um dos problemas enfrentados pelos agricultores tem sido a dificuldade para o controle dessa praga com o uso de agroquímicos. Falhas no controle químico de T. urticae devido à evolução de resistência têm sido reportadas em diversos países, inclusive no Brasil. Os objetivos do presente trabalho foram: 1) estudar a resistência de T. urticae aos acaricidas etoxazole e spiromesifen, em populações coletadas de diversas culturas de importância econômica no Brasil; 2) avaliar estratégias de manejo de ácaro-rajado em morangueiro e roseira; com uso de ácaros predadores, fungos entomopatogênicos e acaricidas (sintéticos e naturais). O estudo da estabilidade de resistência de T. urticae a etoxazole indicou que a resistência é instável na ausência de pressão de seleção, em condições de laboratório. O custo adaptativo da resistência de T. urticae a etoxazole está provavelmente relacionado à menor taxa de reprodução da linhagem resistente em relação à linhagem suscetível ao produto. O monitoramento da resistência em diferentes populações coletadas no Brasil indicou alta variabilidade na suscetibilidade a spiromesifen e etoxazole entre as populações de ácaro-rajado avaliadas. A maioria das populações de ácaro-rajado se mostrou suscetível a etoxazole e spiromesifen, porém, foram detectadas populações com frequências de resistência acima de 70% para esses acaricidas. As maiores porcentagens de ácaros resistentes foram observadas em populações coletadas de morangueiro e ornamentais (rosa, crisântemo e gérbera) no Estado de São Paulo. Os estudos sobre manejo de ácaro-rajado em morangueiro mostraram que a utilização dos produtos a base de extratos vegetais (Rotate®), azadirachtin (Azamax®) e fungo entomopatogênico [Hirsutella thompsonii (Fischer)] são compatíveis com a liberação de ácaros predadores da espécie Neoseiulus californicus (McGregor) em morangueiro, podendo ser útil para o manejo da praga nessa cultura. Portanto, a liberação de ácaros predadores, N. californicus e Phytoseiulus macropilis (Banks), na cultura de roseira pode contribuir para uma diminuição na frequência de aplicação de acaricidas, favorecendo a reversão da resistência do ácaro-rajado a diversos compostos químicos.