Incidência de mosca-negra-dos-citros Aleurocanthus woglumi, Ashby (Hemiptera: Aleyrodidae) em duas espécies cítricas na região centro-leste do estado de São Paulo: dinâmica populacional, aleirodídeos associados, diversidade de parasitoides (Hymenoptera), influência de fatores abióticos e aspectos nutricionais

Abstract

No Estado de São Paulo, a produção convencional de citros apresenta menor investimento em adubação (33%) em relação aos defensivos agrícolas (41%), tornando a ocorrência de pragas um fator gerador de altos custos na citricultura. Conhecidas popularmente como moscas brancas e moscas negras, espécies de Aleyrodidae (Hemiptera) estão amplamente distribuídas e vivem sobre um grande número de plantas. A mosca-negra-dos-citros Aleurocanthus woglumi Ashby (Aleyrodidae) é uma praga exótica, detectada em São Paulo em 2008. O presente trabalho teve como objetivo gerar conhecimentos sobre a ocorrência da mosca-negra-dos-citros e outros aleirodídeos e inimigos naturais relacionados em dois pomares de citros. Foram utilizados pomares de laranja Pêra (Citrus sinensis L. Osbeck) e tangerina Ponkan (Citrus reticulata Blanco), ambos plantados sobre porta-enxerto limão Cravo (Citrus limonia Osbeck), localizados no município de Artur Nogueira, SP. Em dez plantas previamente marcadas de ambos os pomares, foram coletadas quinzenalmente, ao redor da copa de cada planta, em ramos dispostos entre 0,5 e 2,0 metros de altura e na profundidade entre 20 a 100 cm, 20 folhas desenvolvidas por planta, totalizando 400 folhas por coleta. Foram totalizadas 44 coletas no período de 20/04/2012 a 11/12/2013. As folhas coletadas foram armazenadas em sacos plásticos, acondicionadas no interior de caixas de isopor e imediatamente transportados ao Laboratório de Entomologia Econômica do Centro Experimental do Instituto Biológico, em Campinas, SP. Em laboratório, a avaliação populacional de A. wglumi foi realizada na parte abaxial das folhas, através da contagem de posturas ativas, número de ovos por postura e número de ninfas por folha. Avaliou-se a influência dos fatores abióticos. Para determinar a diversidade de parasitoides, 20 ramos ponteiros de aproximadamente 10 cm eram mantidos em substrato de espuma submerso em solução nutritiva disposta no interior de vidros de 500mL, cobertos por tecido de voil preso por elástico. Como nas folhas de citros pode haver co-infestação por outras espécies de Hemiptera, a partir de abril de 2013, sob microscópio estereoscópico, foram separadas ninfas de terceiro ínstar de Aleurocanthus woglumi com sintomas de parasitismo e mantidas em microtubos de vidro até a emergência dos parasitoides. Nas condições de realização do trabalho, fases imaturas da mosca-negra-do-citros ocorreram em todo o período de coleta com seus picos populacionais em setembro e outubro de 2012 e setembro e outubro de 2013, coincidindo com os menores valores de umidade relativa e precipitação. No período de abril de 2012 a dezembro de 2013 foram registradas cinco espécies de aleirodídeos em laranja Pera e tangerina Ponkan, a saber: A. woglumi, Singhiella citrifolii (Morgan), Paraleyrodes bondari (Peracchi), Aleurothrixus floccosus (Maskell) e Aleurothrixus guimaraesi Costa Lima, 1942. Foram obtidas duas espécies novas de Encarsia parasitando ninfas de A. woglumi. Ambas as espécies, pertencem ao grupo strenua, sendo que uma delas é do complexo citrella. Também foram obtidos parasitoides de outros insetos, a saber: Arrhenophagus chionaspidis (Aurivillius, 1888) (Encyrtidae), Encarsia citrina (Craw,1891) e Aphytis sp. (Aphelinidae), que parasitam Diaspididae, além de Aphelinus sp. (Aphelinidae), que parasita Aphididae, e Tumidiclava sp. (Trichogrammatidae), parasitoide de Lepidoptera.