Caracterização de linhagens de Pseudomonas syringae pv. garcae, agente causal da mancha aureolada do cafeeiro

Abstract

A mancha aureolada, causada por Pseudomonas syringae pv. garcae, tem acarretado danos consideráveis à cafeicultura do Brasil, especialmente das regiões do Sul e do Cerrado, em Minas Gerais e no estado de São Paulo. Este estudo foi conduzido com o objetivo de caracterizar linhagens de P. s. pv. garcae. Foram estudadas técnicas para a identificação do patógeno e o diagnóstico da doença em material vegetal, sendo também avaliada caracterização genética e patológica de linhagens de P. s. pv. garcae, obtidas em diferentes anos e regiões dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e do Quênia. As técnicas de serologia, eletroforese em gel de poliacrilamida com sódio dodecil sulfato (PAGE/SDS) e amplificação do DNA com os primers avr 1F/2R permitiram a diferenciação de P. s. pv. garcae das linhagens tipo das outras bactérias (Pseudomonas cichorii, Pseudomonas syringae pv. tabaci e Burkholderia andropogonis), que causam sintomas de manchas foliares em cafeeiro, indicando que o principal agente causal da doença é P. s. pv. garcae. As análises de diversidade genética por rep-PCR permitiram a separação das linhagens por ano e local de isolamento, sendo as linhagens originárias do Quênia agrupadas em um sub-grupo separado das demais linhagens estudadas e as linhagens obtidas de São Paulo se agruparam em um sub-grupo diferente do das linhagens de Minas Gerais. Observou-se a ocorrência de linhagens muito virulentas (IBSBF 65, IBSBF 3024 e IBSBF 3046) e pouco virulentas (IBSBF 248P, IBSBF 249, IBSBF 1372, IBSBF 1373, IBSBF 2996, IBSBF 2998, IBSBF 2999, IBSBF 3005, IBSBF 3015, IBSBF 3049 e IBSBF 3065). Esta diferença ocorreu tanto entre as linhagens isoladas há muitos anos, como entre as mais recentes, indicando que o aumento da importância desta bacteriose nos últimos anos não deve ser devido a aumento da virulência do patógeno, mas às condições climáticas mais favoráveis e outros fatores, com plantio de mudas contaminadas, ausência de quebra-ventos, aumento da colheita mecanizada e redução no uso de cobre nas lavouras de café.